(Jo 1,6; 8, 19-28. Advento B, III)

Por: Pe. Mairon Gavlik, L.C.

Hoje celebramos o domingo gaudete, o domingo da alegria: “Estai sempre alegres, o Senhor está perto” (Ef 4, 4-9).  Existe algo que faz vibrar o coração de todo homem e mulher: Todos nós buscamos ser felizes. Isso é o que nos move, o que move o mundo, o que moveu tantas pessoas a se aventurarem, a trilhar novos caminhos, a pelejar batalhas. Muitos livros e canções falam deste tema: “Escuta irmão, a canção da alegria. O canto alegre de quem espera um novo dia. Quem canta, sonha cantando. Vive sonhando um novo sol. Em que os homens voltarão a ser irmãos. Se não encontras alegria nessa terra, busca a esperança na distância das estrelas.” (Mocidade do Razin).

Como é essa alegria que tanto desejamos? Como obtê-la? No Antigo Testamento, a alegria era vista como um dom de Deus e ao mesmo tempo como fruto da vida da pessoa sábia, da pessoa que sabe fazer cada coisa no seu tempo e na sua justa medida. A alegria é um dom e, ao mesmo tempo, uma conquista. Tê-la, depende de nós, mas ao mesmo tempo é algo muito maior que todas as nossas forças. O tempo do Advento se divide em duas partes. A primeira nos chama à conversão, a verdade da nossa vida, a responsabilidade, a vigilância, a preparar os caminhos do Senhor para que chegue à morada do nosso coração e lhe possamos acolher. A segunda parte é formada pela esperança em receber aquilo que nos supera: O saber amar, o ser perseverante, sábios, fieis; por isso Deus vem ao nosso encontro.

David Quinlan canta do seguinte modo o motivo da sua alegria: “Eu poderia cantar sem parar de como salvastes meu ser. Por causa do teu amor, mudaste, apagastes meu passado. Eu bradarei Senhor por onde eu correr, pois sei que Deus não é contra mim, mas é por mim. Cantem todos juntos com alegria, dancem todos juntos com alegria. Queremos ver sua face sorrindo para nós e os anjos celebrando pois chegou a alegria.”

O Evangelho é um hino à alegria, um alegre anúncio: “Vossa tristeza se transformará em alegria e ninguém poderá tirar vossa alegria” (Jo 16, 20-22). As verdadeiras alegrias são profundas, duram com o tempo; mas para amadurecer, custam tempo e sacrifícios. O homem, hoje em dia, quer separar a dor da alegria, a responsabilidade, a verdade da liberdade. Mesmo assim, seu prazer se transforma em profunda amargura, em algo sem sentido. Precisamos escolher entre dois tipos de alegria: ou optamos por uma alegria passageira que leva a uma profunda dor- como no caso de todos os vícios- ou optamos por uma dor passageira – o preço do amor, da fidelidade, da doação total, fiel e responsável – em vista de uma alegria duradoura. Todo nascimento mantém a família unida e em paz, assim como toda conquista nos estudos, no trabalho, nos esportes, as amizades… Tudo isso requer empenho e renúncias para optar pela ação justa. A alegria exige dedicação, fidelidade, perseverança. A alegria é com a água: a água pode ser limpa, transparente ou suja. Essa água tão importante, pode dar ou tirar a vida.

O Evangelho é a Boa-Nova, anúncio de alegria, de uma alegria profunda que ninguém pode nos tirar, de uma alegria com todas suas condições e consequências, uma alegria em sua totalidade. O Satanás, o inimigo de Deus, quer enganar ao homem que Deus é contra a felicidade, contra sua verdadeira realização. Ele suscita desconfiança para que o homem desconfie do amor que Deus lhe tem. E apesar de tudo o que o homem recebeu de Deus, quantas vezes caímos nas armadilhas do tentador? O Evangelho, o feliz anúncio é para todos, especialmente para os pobres, os que necessitam de Deus:  “Consolai o meu povo, acabou a escravidão, seu crime foi perdoado.” (Is 40). “Eu lhe darei um coração novo [no lugar de seu coração de pedra], colocarei um espírito novo.” (Ez 36,26). “Colocarei minha lei [o amor] em seu peito, escreverei em seu coração.” (Jer 31,34).

Estai sempre alegres, o Senhor está perto! Façamos memória das grandes obras que o Senhor fez por nós; imploremos sua presença salvadora e acolhamos sua vinda. O mesmo Beethoven transformou a poesia de Schiller sobre a alegria em melódica sinfonia:

Alegria, formosa centelha divina,

Filha do Elíseo,

Ébrios de fogo entramos

Em teu santuário celeste!

Tua magia volta a unir

O que o costume rigorosamente dividiu.

Todos os homens se irmanam

Ali onde teu doce voo se detém.

 

Quem já conseguiu o maior tesouro

De ser o amigo de um amigo;

Quem já conquistou uma mulher amável

Rejubile-se conosco!

Sim, mesmo que ele chama de uma alma

Sua própria alma em todo o mundo!

Mas aquele que falhou nisso

Que fique chorando sozinho!

 

Alegria bebem todos os seres

No seio da Natureza;

Todos os bons, todos os maus,

Seguem seu rastro de rosas.

Ela nos deu beijos e vinho e

Um amigo leal até a morte;

Deu força para a vida aos mais humildes

E ao querubim que se ergue diante de Deus!

 

Alegremente, como seus sóis voem

Através do esplêndido espaço celeste

Se expressem, irmãos, em seus caminhos,

Alegremente como o herói diante da vitória.

 

Abracem-se milhões!

Enviem este beijo para todo o mundo!

Irmãos, além do céu estrelado

Mora um Pai Amado.

Milhões, vocês estão ajoelhados diante Dele?

Mundo, você percebe seu Criador?

Procure-o mais acima do Céu estrelado!

Sobre as estrelas onde Ele mora!

Este Pai amado, o Criador que mora acima do céu estrelado vem até nós, desce à terra, vem até nós, se faz um de nós para dar o que tanto precisamos: amor, perdão, alegria. Sejamos também nós uma voz que clama no deserto deste mundo apontando para Àquele que pode dar o que todo homem necessita.

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