A famosa fofoca pode ser encontrada nas mais diversas formas, nos mais diversos ambientes, ela não escolhe casa, não vê etnia, não está nem aí com o poder aquisitivo: ela entra nas famílias, nos ambientes profissionais e até mesmo na Santa Igreja! Um mal secular, que foi refletido por diversos santos e é também uma das críticas mais fortes do apóstolo Paulo em suas cartas. Ela pode ter sido praticada hoje, pouco antes de você abrir esse artigo para ler e você nem percebeu- mas calma, não estamos aqui para julgar ninguém, e sim para nos ajudar mutuamente.

A questão é que poucos pensam como esse hábito que parece tão efêmero pode ser um enorme fator que nos distancia da nossa verdadeira casa que é o céu. Falar da vida do outro ou sobre as escolhas que ele/ela fez, no fundo, não ajuda e não agrega em nada a vida de quem comenta e de quem é foco desses comentários. Esse tema pode até parecer fútil, mas vem destruindo comunidades, movimentos e lares ao redor do mundo. Fofocar é sim muito perigoso. O próprio Papa Francisco fez disso o foco de uma de suas homilias. No momento Francisco explicou que Jesus usa uma palavra definitiva para quem olha com julgamento seu irmão: hipócrita“Aqueles que vivem julgando o próximo, falando mal do outro, são hipócritas, porque não têm a força, a coragem de olhar para os próprios defeitos. O Senhor afirma que quem tem no coração ódio do seu irmão é um homicida… Também o Apóstolo João, na sua primeira Carta, é claro: quem odeia e julga o seu irmão caminha nas trevas”, afirmou o pontífice.

Na contramão disso, é possível ver no dia-a-dia os pequenos gestos que podem nos desviar dessas hipocrisias que são sedutoras e que podem ferir tantas pessoas ao nosso redor. Por isso, que tal nos perguntarmos: Eu já admirei alguém hoje? É importante lembrar que o meu próximo também é um ser de contemplação, já que é obra de Deus e carrega em si as características essenciais do Criador. Diante de uma criatura tão múltipla, mista, cheia de qualidades (e defeitos também), por que não admirá-lo em sua magnitude de detalhes? Quando você coloca a ótica da misericórdia, as coisas mudam de perspectiva. Você sai da posição de algoz e juiz de valor a vai para a posição da empatia e da caridade. Saímos da zona de conforto de apontar o dedo e nos colocamos na posição de atitude, dobrando os joelhos e pedindo à Deus por aquele irmão que pode estar longe dos caminhos do céu ou que teve alguma atitude que não nos agradou, que não entendemos ou seja lá o motivo dessa pessoa estar no meio de comentários negativos. Nessa mesma oração é importante lembrar que devemos nos incluir, para que possamos nos compadecer e sermos empáticos com a vida do outro que carrega uma trajetória que muitas vezes não conhecemos. Muitas vezes a gente acha que a nossa versão de felicidade cabe na vida de todos, mas isso é um equívoco. A vida de cada um tem seu tempo “debaixo do céu”, cada um tem seu ciclo a ser vivido e a linguagem de Deus é única para cada filho. Assim, por mais que a verdade do outro não caiba na minha, é preciso ter amor para acolhê-la, pois todos nós estamos aqui para aprendermos mutuamente e interceder uns pelos outros.

Assim, para que possamos fortalece o objetivo em “bem dizer” o meu irmão, ficamos com o conselho do Papa Francisco: “Paulo foi um grande pecador, e disse de si mesmo: ‘Antes eu blasfemava, perseguia e era violento. Mas tiveram misericórdia’. Talvez nenhum de nós blasfeme – talvez. Mas se alguém faz intriga, certamente é um perseguidor e um violento. Peçamos para nós, para toda a Igreja, a graça de nos converter da criminalidade das intrigas ao amor, à humildade, à mansidão, à magnanimidade do amor para com o próximo”.

Por: Eline Carrano

 

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