Carta do Diretor Geral do RC por ocasião da Solenidade de Cristo Rei

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Por ocasião da Solenidade de Cristo Rei, o diretor geral do Movimento Regnum Christi e da Legião de Cristo, Pe. Eduardo Robles Gil, LC escreve aos seus membros.

Aos membros do Regnum Christi:

Muito estimados em Cristo,

Nestas datas em que antecedem a celebração do Capítulo Geral da Legião de Cristo, ds Assembleias Gerais das Consagradas e dos Leigos Consagrados e da Assembleia Geral do Regnum Christi, envio-lhes uma saudação muito cordial. Agradeço-lhes de coração, em nome de todos os participantes dessas assembleias, todas as suas orações pelo êxito de nossos, trabalhos e pelo futuro do Regnum Christi.

É providencial que, durante essas importantes circunstâncias, celebremos a solenidade de Cristo Rei. Nessa solenidade, a Igreja nos convida a dirigir o olhar a Jesus Cristo, o Senhor, e também ao seu Reino. Assim, podemos recordar uma vez mais o que é essencial em nossa vocação e missão para iluminar nossa vida e nossas decisões. Por isso, convido a todos a aproveitarem esse momento litúrgico para renovar o amor ao Senhor que deve reinar em nossa vida pessoal e também para aumentar esse desejo ardente para que venha seu Reino entre nós.

A expressão: “Venha a Nós o Vosso Reino!”, procede dos lábios de Jesus Cristo, nosso Mestre, como parte da oração que ensina aos seus discípulos. Sem dúvidas, se trata da oração mais amada, mais repetida, mais comentada ao longo dos séculos do cristianismo. Esse desejo é algo próprio e íntimo de todo coração cristão: que Cristo Reine, que seu Reino venha a nós.

Devemos ser conscientes e meditar juntos o que é que pedimos com essa oração, e ao que nos comprometemos. Essa petição, que o mesmo Cristo nos ensinou, é um programa de vida pessoal e de todo o Regnum Christi. Essa oração dita por todos e cada um de nós nos une em família espiritual e em um corpo apostólico que tem uma missão particular confiada. 

«Meu Reino não é desse mundo» 

Neste ano, o Evangelho da liturgia dessa solenidade nos apresenta Jesus Cristo diante de Pilatos, em um momento particularmente dramático de sua vida terrena (cf. Jn 18, 33-37).

Sua morte na cruz se aproxima. A obra da Redenção está perto de ser completada. É nesse contexto que Jesus Cristo, diante de quem representa o poder temporal, afirma com autoridade que Ele é Rei, que seu Reino não é desse mundo.

Desse modo, nos ensina com clareza que seu Reino é algo escondido, interior. É o Reino que começa no mais profundo da alma. É a presença mesma de Deus que necessita se recebida e custodiada na própria intimidade, para que, como fermento, vá transformando todas as demais realidades (cf. Mt 13, 33). Por isso, meditar sobre o Reino é voltar a sentir o chamado e o convite à interioridade virtuosa, à santidade de vida, ponto de partida e garantia de todo o testemunho e apostolado cristão.

Hoje, diante dos trabalhos das Assembleias e do Capítulo Geral, devemos ter consciência, uma vez mais, que essa deve ser sempre nossa primeira prioridade, por cima de qualquer outra atividade ou conveniência meramente humana.

«Meu Reino não é desse mundo». A pregação do Reino de Cristo é, portanto, anúncio da eternidade e lembrança da fugacidade das coisas terrenas. Encontramos essa afirmação na primeira leitura do livro de Daniel: «Seu domínio é eterno e não passa, seu reino não terá fim». 

Assim nos recorda também a constituição pastoral Gaudium et spes do Concílio Vaticano II:  

Todos estes valores da dignidade humana, da comunhão fraterna e da liberdade, fruto da natureza e do nosso trabalho, depois de os termos difundido na terra, no Espírito do Senhor e segundo o seu mandamento, voltaremos de novo a encontrá-los, mas então purificados de qualquer mancha, iluminados e transfigurados, quando Cristo entregar ao Pai o reino eterno e universal: «reino de verdade e de vida, reino de santidade e de graça, reino de justiça, de amor e de paz». Sobre a terra, o reino já está misteriosamente presente; quando o Senhor vier, atingirá a perfeição. (n. 39).

Como membros do Regnum Christi os convido a ter sempre presente essa prioridade essencial do seguimento e imitação do Senhor, com sentido de eternidade: deixar que Ele reine soberano, recusar tudo que é contrário a Ele e seu Reino, escolhendo sempre aquilo que implica mais amor e virtude, para assim ser testemunhos crentes e convincentes de Jesus Cristo e de seus ensinamentos.

«Venha a Nós o Vosso Reino!» é santificar nossa vida com a oração, os sacramentos e o cumprimento de Sua vontade. «Venha a Nós o Vosso Reino!» é santificar nossa família, nosso trabalho e nosso ambiente pelo testemunho de uma vida evangélica atrativa. «Venha a Nós o Vosso Reino!» é santificar a cultura e a sociedade não caindo na ideologia consumista que nos faz colocar os olhos e o coração nas coisas da terra.

Seu Reino deve ser pregado, feito presente, edificado.

O Reino de Cristo não é só interior ou futuro. O Reino já está presente entre nós (cf. Lc 17, 21). Desse modo iniciou a pregação de João Batista e também de Jesus Cristo mesmo: «O tempo se a cumprido e o Reino de Deus está próximo; convertei-vos e credes no Evangelho» (Mc 1, 15).

Jesus Cristo veio entre nós para pregar seu Reino, para fazê-lo presente.

O testemunho que o Senhor dá de si mesmo e que São Lucas recolheu no seu Evangelho, “Eu devo anunciar a Boa Nova do Reino de Deus”,(12) tem, sem dúvida nenhuma, uma grande importância, porque define, numa frase apenas, toda a missão de Jesus: “Para isso é que fui enviado”  (id.) (Pablo VI, exortação apostólica Evangelii nuntiandi 6).

Também encontramos essa mensagem no Evangelho já citado: «Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, para ser testemunho da verdade».

«Buscai primeiro o Reino de Deus e sua justiça, e todo o demais vos será acrescentado» (Mt 6,33). O projeto de Jesus é instaurar o Reino de seu Pai; Ele pede aos seus discípulos: «Proclamai que está perto o Reino dos céus!» (Mt 10,7) mesmo sabendo bem que essa proclamação não vem sem trabalho e grandes sacrifícios (Mt 11,12) mas assegurando que todo o demais será acrescentado.

E daí nasce o que chamamos de zelo apostólico. Quer dizer: somar a esse esforço de toda a Igreja par dar a conhecer Jesus, que se mostra por meio de sua mensagem, seus convites, seus pedidos. É o desejo de cumprir o pedido de ir a todo o mundo e pregar o Evangelho (Mt 28, 19-20) que é Cristo mesmo. Quando encontramos a Cristo, nasce o desejo permanente de dá-Lo a conhecer.

Assim afirma o Papa Francisco na exortação Evangelii gaudium (9):

O bem tende sempre a comunicar-se. Toda a experiência autêntica de verdade e de beleza procura, por si mesma, a sua expansão; e qualquer pessoa que viva uma libertação profunda adquire maior sensibilidade face às necessidades dos outros. E, uma vez comunicado, o bem radica-se e desenvolve-se. Por isso, quem deseja viver com dignidade e em plenitude, não tem outro caminho senão reconhecer o outro e buscar o seu bem. Assim, não nos deveriam surpreender frases de São Paulo como estas: «O amor de Cristo nos absorve completamente» (2 Cor 5, 14); «ai de mim, se eu não evangelizar!» (1 Cor 9, 16).

A tarefa de pregar o Evangelho, de dar a conhecer a Cristo e seu Reino é bonita e cheia de alegria para quem transmite o tesouro que encontrou. Por isso, o Papa Francisco exorta a toda Igreja:

Recuperemos e aumentemos o fervor de espírito, «a suave e reconfortante alegria de evangelizar, mesmo quando for preciso semear com lágrimas! (…) E que o mundo do nosso tempo, que procura ora na angústia ora com esperança, possa receber a Boa Nova dos lábios, não de evangelizadores tristes e descoroçoados, impacientes ou ansiosos, mas sim de ministros do Evangelho cuja vida irradie fervor, pois foram quem recebeu primeiro em si a alegria de Cristo»6 (citando a Evangelii nuntiandi 80) (Evangelii gaudium 10).

Nesta próxima Solenidade de Cristo Rei, os convido a renovar o desejo ardente de evangelizar que nos caracteriza como Legião e Regnum Christi.

Estou convencido de que essa é a principal razão pela qual Jesus Cristo suscitou essa obra, que é Sua, e que nos encarregou, como povo sacerdotal, uma tarefa, uma missão. Assim o lemos na segunda leitura desse dia:

Jesus Cristo é a testemunha fiel, o primeiro a ressuscitar dentre os mortos, o soberano dos reis da terra. A Jesus, que nos ama, que por seu sangue nos libertou dos nossos pecados e que fez de nós um reino, sacerdotes para seu Deus e Pai (Ap 1, 5-8).

É a certeza de que Ele mesmo nos convocou que nos estará guiando nesses dias das Assembleias e do Capítulo Geral, conscientes de que todo nosso esforço deve ser dirigido para ser melhores apóstolos de Jesus Cristo, melhores evangelizadores, melhores testemunhas de seu Reino, testemunhas do bem, da verdade e da graça.

Peço-lhes que sejam sempre apóstolos de Jesus Cristo e que continuem rezando por essa missão e pelos que estarão no Capítulo e Assembleias, terminando de expressar juntos um pouco do dom recebido, com a certeza de que o Senhor nos acompanha. Agradeço as iniciativas de oração a nível local, territorial e internacional. Convido a todos para uma jornada de intercessão que se iniciará no dia 16 de novembro, dia que antecede o início do Capítulo e Assembleias Gerais, para que o Senhor nos conceda a graça de dar o passo que, neste momento, Ele tem pensado para o Regnum Christi.

Me despeço assegurando-lhes minhas orações e pedindo-lhes as suas.

Seu afetíssimo, em Jesus Cristo, Pe. Eduardo Robles Gil, LC.

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