Por: Pe. Anderson Pitz, L.C.

A ação de Satanás é dividida em dois tipos: a ordinária e a extraordinária. Chamamos de ação ordinária aquela pela qual o inimigo continua a tentar o ser humano ao mal. A tentação é o perigo mais grave e danoso, porque se opõe diretamente ao desenho salvador de Deus e a edificação do seu Reino. Satanás consegue possuir e apoderar-se de verdade do homem, quando este, por livre e espontânea vontade, se submete ao seu poder pelo pecado. Por isso, o cristão deve vigiar para não ser enganado, e orar com as palavras que Jesus nos ensinou: “não nos deixeis cair em tentação e livrai-nos do mal”.

Os fenômenos diabólicos extraordinários que são a possessão, a obsessão, a vexação e a infestação, são possíveis, mas raros, conforme diz a experiência dos exorcistas. Provocam grande sofrimento, mas por si não nos afastam de Deus e não têm a gravidade do pecado. Seria realmente triste e pouco inteligente prestar mais atenção a esses fenômenos pouco comuns e não combater às tentações e ao pecado, verdadeiras obras do Maligno.

O Inimigo das nossas almas continua tendo uma ação grande no nosso mundo. Numa visão equilibrada sobre a ação de Satanás, não a podemos negar, mas tampouco maximizar. O cristão, à luz do Evangelho e dos ensinamentos da Igreja, crê que o Maligno e os demônios existem e que atuam na nossa história pessoal e social.

Os Evangelhos não deixam de descrever a obra de Jesus como uma luta contra Satanás (cfr. Mc 1, 23-28. 32-34. 39; 3, 22-30). A mesma vida dos seus discípulos é uma batalha que ‘não é contra homens de carne e sangue que temos de lutar, mas contra os principados e potestades, contra os príncipes deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal espalhadas nos ares’ (Ef 6,12).

Porém, não podemos permitir que nasça no nosso coração tal medo, como estado de ânimo que paralisa a vida e a faz sombria. Jesus venceu Satanás e espoliou definitivamente o domínio do espírito maligno (cf. Col 2,15). A luta contra o mal nos empenha incessantemente, mas já não pode ser motivo de desesperação, enquanto conduta, pois temos a certeza de que o mal já foi vencido e o seu poder é limitado. É necessário, porém, uma atitude de contínua vigilância, como diz São Pedro na sua carta: ‘Vosso adversário, o demônio, anda ao redor de vós como o leão que ruge, buscando a quem devorar. Resisti-lhe fortes na fé’ (1Pe 5, 8-9).

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