Por: Simone Eickhoff Bigolin

É fiel quem ama verdadeiramente. A fidelidade é uma consequência deste sentimento puro, nobre e divino que é o amor.  Ela está, ou deve estar, entre pais e filhos, entre marido e mulher, entre amigos, nossa para com Deus e certamente de Deus para conosco.  Ser fiel é ser constante, perseverante e não mudar sejam quais forem as circunstâncias.

Na relação com pais, filhos, esposo (a) e amigos parece-nos fácil perseverar no cuidado, no carinho, no diálogo, no encontro, situações comuns que podemos demonstrar nossa fidelidade. Mesmo que os meios de comunicação estimulem a desarmonia nas relações familiares, as infidelidades conjugais, o egoísmo, o apego ao dinheiro e o enriquecimento, é preciso estar muito ciente e convicto da nossa vocação neste mundo para seguir firme e fiel no caminho da dignidade humana. Segundo Carvajal (2003, p. 520) “somos fiéis se mantemos firmemente os compromissos adquiridos, apesar dos obstáculos e dificuldades“ tanto na vida pessoal, familiar, profissional e cristã.  A fidelidade é a expressão da lealdade para com aquele que amamos e,  acima de tudo, para com nosso Criador. Quando somos pais fiéis, por exemplo, estamos sendo fiéis na nossa vocação, e é isto que Deus Pai espera de nós.

A fidelidade  de Deus Pai aos seus filhos está citada em várias passagens da Sagrada Escritura comoPois a palavra do Senhor é verdadeira;
Ele é fiel em tudo o que faz.” (Sl 33,4),   “Apeguemo-nos com firmeza à esperança que professamos, pois aquele que prometeu é fiel.” (Hb10,23). “Jesus fala muitas vezes desta virtude ao longo do Evangelho: põe-nos diante dos olhos o exemplo do servo fiel e prudente, do criado bom e leal, do admnistrador honesto. A ideia da fidelidade penetrou tão fundo na vida dos primeiros cristãos que o título fiéis bastou para designar os discípulos de Cristo” (CARVAJAL, 2003, p. 519 ). Até hoje na Santa Missa rezamos a Oração dos Fiéis.  

Quanta esperança o Senhor deposita em nosso coração com estas palavras. Como filhos convivemos, pela fé,  nesta certeza de que Deus não abandona, mesmo quando estamos vivendo “nossas cruzes”. Mas Deus Pai também espera de nós a fidelidade, a entrega, a confiança. Expressar a Ele esta virtude é assumir diariamente, para não dizer ininterruptamente, a condição de “fazer todas as tuas ações, por mais pequenas e baixas que pareçam, com os olhos em Deus, para servi-Lo e agradar a Ele”, conforme recomenda São Francisco de Salles (2012).  São Francisco de Salles utiliza o exemplo da fidelidade de Santa Catarina de Sena “cuja meditação consistia em pensar que, preparando a comida de seu pai, ela estava trabalhando para Nosso Senhor…. para servir assim em espírito a toda a corte celeste, e a sua convicção em fazer em tudo a vontade de Deus” (2012, p.262). Com este exemplo este grande santo nos orienta “Faze tudo em nome de Deus e tudo será bem feito. Comendo, bebendo, dormindo, divertindo-te ou ocupando-te com algum trabalho humilde e vil, em toda parte hás de merecer muito diante de Deus, se santificas bem a tua intenção de fazer tudo porque Deus quer que o faças” (2012, p.263).

Tudo nos é dado por bondade divina, então peçamos a graça da fidelidade na oração, na recepção dos sacramentos, na missão de levar o Seu amor ao próximo e de viver nossa vocação conforme a Sua vontade. E de modo especial rogamos pela intercessão de Nossa Senhora, a Virgem fiel, e nosso grande exemplo  de fidelidade a Cristo, que ajude-nos a vivermos a fidelidade e a lealdade nas diferentes dimensões de nossa vida cristã.

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Bibliografia:

CARVAJAL, F. F. Falar com Deus: meditações para cada dia do ano. São Paulo: Quadrante, 2003.

SÃO FRANCISCO DE SALLES. Filotéia. Petrópolis: Vozes, 2012.

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