(Mt 25,14-30. TCA, XXXIII)

Por: Pe. Mairon Gavlik, L.C.

Não sei se alguém aqui já leu o livro de Jim Stovall, “A dádiva mais preciosa”, mas seguramente muitos já viram o filme que fizeram em base a este livro: o filme The Ultimate Gift foi lançado em português com o título “O presente”. Em resumo, fala o seguinte: Jason tinha um avô que era bilionário. Quando ele faleceu, Jason achava que não receberia herança, porque o odiava; pensava que seu pai tinha morrido por causa do
avô. Mas aconteceu algo que ninguém esperava: o avô deixou todo o dinheiro para ele a condição de cumprir 12 tarefas no decorrer de um ano. Com o tempo, foi se dando conta que cada tarefa era um verdadeiro presente: o presente do trabalho, do dinheiro, da amizade, da aprendizagem, dos problemas, da família, de sorrir, de sonhar, de oferecer, gratidão, do dia perfeito, o presente do amor.

O evangelho de hoje nos fala também de presentes, nos fala de um rei que distribui talentos. No tempo de Jesus, um denário equivalia ao salário diário de um trabalhador braçal. Um talento de prata correspondia a 6.000 denários e um talento de ouro a 420.000 denários. Fui buscar ao google o preço atual de uma diarista e descobri que varia entre 80 e 150 reais. Se contamos 100 reais o valor de um salário de um trabalhador diário, e trazemos este evangelho para o nosso dia, estamos falando que o talento de prata equivale a 600.000 reais. O Rei saiu de viagem e deixou a seus servos, cinco, dois e um talento, segundo as suas qualidades. Se hoje recebêssemos emprestados essa quantia para fazer render e administrar, o que faríamos com isso?

Cristo nos fala em parábola. O que ele quer nos dizer com essa comparação? Cristo usou muitas parábolas para explicar o Reino dos céus. Falou do tesouro escondido, do fermento no meio da massa, do grão de mostarda, da pérola preciosa pela qual, quem a encontra, vende tudo o que tem e a adquire cheio de alegria. Mas o que ele quer nos transmitir com esta parábola dos talentos? A parábola nos fala de um rei, de alguém que tem autoridade, que nos pode proteger e garantir nossa vida, nos fala de que ele confia talentos segundo as nossas qualidades e nos fala de uma recompensa que implica responsabilidade pelo dom
recebido. Cristo explica o Reino dos céus. E onde está este reino? O reino está onde está o seu rei; Cristo mesmo é o rei. Onde está Cristo, aí está o reino dos céus. Mas ao mesmo tempo, este reino vai se completar e realizar plenamente nos céus.

Para entrar no reino dos céus, o rei confia alguns talentos segundo as capacidades de
cada um para que possam administrar e frutificar estes talentos. Por que será que deu para um cinco e para outro somente um talento? Eles tinham capacidades diferentes, missões diversas e por isso uma responsabilidade diversa. Esses talentos, essa grande soma de dinheiro, é sinal de todos os dons que Deus nos deu: inteligência, família, aptidões, toda nossa história e sobretudo o tempo que ele nos dá para fazer render estes dons. Por que será que este rei quer fazer frutificar estes dons? A resposta é clara. Ele fala da
responsabilidade e de uma recompensa diante destes talentos. Ele quer que mais pessoas possam participar da alegria de ser do seu reino.

Ninguém entra no céu sozinho. Aquele servo que recebeu e enterrou seu talento foi condenado. Jesus o recrimina porque não fez frutificar os dons que ele tinha recebido para administrar. Muitas poderiam ter sido as causas: preguiça, temor de perder, não saber o que fazer. Mas o fato é que foi condenado porque mais pessoas dependiam desse lucro. Deus nos deu a vida em empréstimo. Um dia nos pedirá contas de como a vivemos e como a fizemos render. O nosso talento, nossas qualidades, nosso tempo pode ser mais ou menos; Deus nos cobrará segundo aquilo que Ele nos deu. Porém, duas coisas são muito importantes: que ao final desta vida, possamos receber o reino que Ele nos preparou e que possamos ter ajudados a muitas pessoas a também chegarem ao céu. No final da nossa vida, seremos examinados do amor, do amor a nossa felicidade eterna que se reflete no amor a Deus e no amor ao nosso próximo. Recebamos com gratidão estes dons que
Deus nos confia e sejamos extensão deste amor de Deus para nossos semelhantes.

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