Por: Dom Adelar Baruffi- Bispo de Cruz Alta

Deus nos quer santos e nos convida a empreendermos com coragem este caminho, superando uma vida medíocre e superficial. Com esta motivação, o Papa Francisco lançou no último dia 19 de março a Exortação Apostólica Gaudete et exultate, sobre o chamado à santidade no mundo atual. O título é tirado do Evangelho de Mateus, nas bem-aventuranças, quando Jesus fala dos perseguidos: “Alegrai-vos e exultai, porque grande é a recompensa de vocês nos céus, pois da mesma forma perseguiram os profetas que viveram antes de vocês”. O objetivo da Exortação é “fazer ressoar mais uma vez o chamado à santidade, procurando encarná-la no contexto atual, com os seus riscos, desafios e oportunidades, porque o Senhor escolheu cada um de nós «para ser santo e irrepreensível na sua presença, no amor» (cf. Ef 1, 4)” (n.2).

“A santidade é o rosto mais belo da Igreja” (n.9), nos diz o Santo Padre. O testemunho de vida dos santos e santas são o grande patrimônio da Igreja. Como nos diz a Carta aos Hebreus, somos “circundados de tal nuvem de testemunhas” (Hb 12,1), que nos servem de exemplo e estímulo para trilhar o caminho e correr para a meta. Somos levados pela negatividade e talvez nos custe ver tantos belos exemplos que temos todos os dias de uma vida santa, talvez muito próximos de nós. Somos tentados a ver que os que estão longe são melhores: a família dos outros, os pais dos outros, o padre de outra paróquia, as pessoas de outra nação. Deixemos nos cativar pela santidade que Deus nos mostra nos mais humildes (cf.n.8), como afirma o Santo Padre: “gosto de ver a santidade no povo paciente de Deus: nos pais que criam os seus filhos com tanto amor, nos homens e mulheres que trabalham a fim de trazer o pão para casa, nos doentes, nas consagradas idosas que continuam a sorrir” (n.7).

Porém, este chamado o Senhor faz a cada um de nós: “sede santos, porque Eu sou santo” (Lv 11, 45; cf. 1 Pd 1, 16). “Cada um por seu caminho” (LG 11), pois a história de cada um é única e a ninguém faltam os meios para testemunhar a medida larga da vida cristã. Superemos de vez a compreensão de que para ser santo é preciso ser bispo, padre ou religiosa. O Santo Padre nos diz que “Todos somos chamados a ser santos, vivendo com amor e oferecendo o próprio testemunho nas ocupações de cada dia, onde cada um se encontra. És uma consagrada ou um consagrado? Sê santo, vivendo com alegria a tua doação. Estás casado? Sê santo, amando e cuidando do teu marido ou da tua esposa, como Cristo fez com a Igreja. És um trabalhador? Sê santo, cumprindo com honestidade e competência o teu trabalho ao serviço dos irmãos. És progenitor, avó ou avô? Sê santo, ensinando com paciência as crianças a seguirem Jesus. Estás investido em autoridade? Sê santo, lutando pelo bem comum e renunciando aos teus interesses pessoais” (n.14).

O caminho da santidade é dado pelo nosso seguimento de Cristo: “viver em união com Ele os mistérios da sua vida; consiste em associar-se duma maneira única e pessoal à morte e ressurreição do Senhor, em morrer e ressuscitar continuamente com Ele. Mas pode também envolver a reprodução na própria existência de diferentes aspetos da vida terrena de Jesus: a vida oculta, a vida comunitária, a proximidade aos últimos, a pobreza e outras manifestações da sua doação por amor” (n.20). Este caminho é concreto e “requer o compromisso de construíres, com Ele, este Reino de amor, justiça e paz para todos” (n.25). As obras de caridade não são “distrações no caminho de santificação e da paz interior” (n.27), mas o sinal concreto de uma vida santa. Não tenhamos medo de “apontar para mais alto” (n.34). Quanto mais nos santificarmos, mais felizes e fecundos sermos para o mundo.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here