Depressão e ansiedade: Pessoas que tem fé estão livres de tê-las?

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“Podem roubar tudo de um homem, salvo uma coisa: a última das liberdades humanas – a escolha da atitude pessoal frente a um conjunto de circunstâncias – para decidir seu próprio caminho.”
– Viktor Frankl-

O medo é algo normal na vida do homem, e a ansiedade faz parte disso pois está relacionada com a sobrevivência do ser humano. Entretanto, por diversos fatores e experiências de vida, as pessoas podem desenvolver uma ansiedade maior do que a que é natural, o que pode ocasionar um sofrimento e até um desequilíbrio nos processos químicos do cérebro. Já a depressão – que também pode desorganizar o funcionamento neural e cardíaco – é desencadeada por inúmeros fatores. Em algumas pessoas, estará relacionada a picos de estresse, questões ambientais, hereditárias, pode ser uma doença crônica ou até mesmo pontual. Disso dependerá a avaliação de um profissional de confiança.

O fato é que uma pessoa ser católica ou religiosa não modifica os limites que ela possui, pois o ser humano é formado não somente pelo espiritual, mas também pelo aspecto físico e psicológico. Por isso, está sim sujeito às doenças físicas e mentais como depressão e ansiedade, como qualquer um.

Quando devo me preocupar?

Segundo a Organização Mundial de Saúde, são 350 milhões de pessoas no mundo atravessando um quadro depressivo. Você pode se perguntar quais seriam os sinais para, então, buscar ajuda e descobrir se faz parte desse número. Fique atento se houver: insônia, tristeza profunda, desejo de isolamento social, vontade de ficar na cama o dia inteiro, perda de entusiasmo com a vida, falta de apetite…

Sobretudo se esses fatores, associados, não estiverem ligados necessariamente a algum motivo real. Exemplo: uma pessoa que atravessa um processo de luto pode apresentar todos esses sintomas e, ainda assim, não se tratar de depressão ou transtorno de ansiedade, mas uma condição temporária e necessária. Por isso é preciso avaliar cada caso com cautela.

Posso negligenciar os tratamentos terapêuticos e acreditar que Deus vai me curar?

Acreditar que Deus pode me curar é necessário! Porém, é preciso saber que a inteligência humana é um dom e foi concedido pelo Senhor para ser instrumento da divina providência em nosso ordinário. Negligenciar tratamentos médicos na expectativa de que Deus realize milagres pode não ser uma atitude inteligente. E, inclusive – a depender da situação – chega a ser pecado, pois estaríamos de certo modo colocando Deus numa posição injusta e atentando contra a nossa própria vida.

Então, se você se encontra nesta situação de depressão e ansiedade, continue – ou procure a melhor alternativa terapêutica para sua condição – e peça que Deus conduza cada passo, cada decisão e que Ele devolva a você a experiência de extrair o verdadeiro sentido da vida, inclusive nos momentos de sofrimento e dor.

A terapia pode ser uma resposta eficaz para a depressão e ansiedade nos católicos?

A terapia, um recurso recente, também é um suporte importante para todo o processo de cura, dependendo em alguns casos, até mesmo o auxílio de medicamentos são necessários. Mas atenção: tudo deve ser trabalhado tendo em vista a vivência da espiritualidade católica coerente. A prática das virtudes teologais – fé, esperança e caridade – facilitará para que se obtenha a cura interior.

Essa relação de amor com Divino: de oferta, gratuita e leve, deve também orientar nossa relação com o próximo, já que a depressão é também considerada uma doença do modo de se relacionar com o outro. Ela pode se manifestar através de uma tristeza profunda e até mesmo nos casos de suicídio. Por isso está associada ao sentido da vida e do sofrimento. Para católicos, o sofrimento é como uma ponte até a vida eterna, simbolizada pela cruz de Cristo. Esta esperança é o que move cada pessoa a não desistir de lutar e de acreditar na superação de qualquer dificuldade.

“(…) a dor, o sofrimento, o sentido da vida e da morte são realidades que a mentalidade atual luta para enfrentar com um olhar cheio de esperança. Sem uma esperança confiável que ajude o homem a enfrentar também a dor e a morte, ele não consegue viver bem e conservar uma perspectiva confiante diante de seu futuro. Este é um dos serviços que a Igreja é chamada a prestar ao homem atual”.

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