Quando falamos da Igreja temos no nosso subconsciente distintas concepções, distintos modelos e esquemas de como ser Igreja; incluindo quando dizemos “a Igreja não tem jovens ou está vazia” a que nos referimos?
A sociedade atual, da qual fazemos parte – não se trata de descrever uma situação da qual estamos separados, mas que muito do que se vive atualmente está no nosso coração, fazemos parte – é uma sociedade na qual já não se nasce cristão, não se tem que sê-lo obrigatoriamente e pode-se não sê-lo sem impedimento ser uma boa pessoa.
É uma sociedade onde o cristianismo sociológico acabou (a família, a sociedade já não nascem cristãos e não transmitem os valores do cristianismo), agora dá-se a possibilidade do Cristianismo da opção, da liberdade e da Graça; pode-se ser cristão livremente por opção; esta foi a experiência das primeiras comunidades cristãs, onde ninguém nascia cristão, mas escolhia sê-lo.
Esta nova situação social da oportunidade leva-nos a perguntar o que é a Igreja? Como será a Igreja do futuro? A Palavra Igreja significa assembleia, comunidade de crentes, Sacramento de Cristo.
A Igreja do futuro terá novos cenários que ultrapassarão os limites dos muros do templo paroquial, já que que a Igreja não é um lugar físico, mas a presença de Jesus no coração de cada crente, cada cristão – cada pessoa – é Igreja, é Sacramento de Jesus, quer dizer mostra aos outros a presença de Jesus no seu interior.
Se acreditamos firmemente na Palavra do Senhor que nos diz “onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estarei no meio deles” a Igreja começa a perder fronteiras físicas e começa a surgir novos espaços de Igreja: será a Igreja da praça, da esquina, do departamento, de uma casa, de um escritório, do coletivo, do metro, da escola.
Será uma Igreja que celebre os Sacramentos, como alimentos para o caminho da fé, no templo; onde a grande comunidade de pequenas comunidades se congrega junto com os ministros ordenados – sacerdotes – a celebrar a vida de Jesus através da Liturgia, desenvolvendo a sua vida de Igreja no meio da sociedade, já não cristã, no entanto com possibilidade de sê-lo, se os cristãos se animarem a anunciar o kerigma – a entrega do amor de Jesus na Cruz por cada um dos homens e a sua Ressurreição – e a vivê-lo.
Será importante não absolutizar as posturas e não querer erradicar o que já está construído desde há mais de 2000 anos, com obstáculos e erros, mas também com passos firmes e com Graça de Deus. As duas dimensões da Igreja – hierárquica e carismática – deverão ser cuidadas, já que ambas são coessenciais, quer dizer, uma não pode viver sem a outra, ambas são necessárias; não se trata de destruir o modelo anterior da Igreja mas de dar-lhe nova vida através da conformação de um espaço que congregue as pequenas comunidades para celebrar juntas a vida.