Comunicado final da Assembleia das Consagradas do Regnum Christi

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Foi concluída, no início desse mês, em Roma, a Assembleia Geral das Consagradas do Regnum Christi. Elas divulgaram um comunicado com as reflexões e decisões tomadas sobre os temas tratados.

“Ao terminar nossa Assembleia”, diz o comunicado geral, “a experiência do encontro com Cristo gera em nós vida nova, com o desejo de dar vida e vida em abundância. Queremos dar a conhecer o dom da vida em Cristo recebido como semente em nosso batismo”, disseram.

A Assembleia Geral das Consagradas começou no dia 24 de janeiro. Suas três tarefas principais, como estabelece o Direito Canônico e o Direito Próprio, eram: a eleição do novo governo geral para os próximos seis anos, o informe do governo anterior, assim como a análise e discernimento dos temas de relevância para a Sociedade de Vida Apostólica, dentre a revisão do direito próprio.

Do Brasil, participaram: Elena Bartolomé, eleita para o novo governo geral das consagradas, Camila Melo e Kate O’Connor.

Leia o comunicado completo: 

7 de março de 2020

Aos legionários de Cristo, Leigos consagrados e leigos do Regnum Christi

Queridos membros do Regnum Christi,

Com muita gratidão a Deus, terminamos nossa Assembleia Geral Ordinária. Desejamos compartilhar com vocês as experiências vividas, as graças recebidas e a constatação da presença e a ação do Espírito Santo nestas semanas de oração, reflexão e discernimento.

Queremos agradecer a todos vocês, membros leigos do Regnum Christi, leigos consagrados e Legionários de Cristo, que nos acompanharam e sustentaram com sua oração, de maneira especial, durante esse tempo.

Essa foi a nossa segunda Assembleia Geral Ordinária das Consagradas do Regnum Christi, sendo a primeira como Sociedade de Vida Apostólica, que aconteceu do dia 18 de janeiro ao dia 06 de março de 2020, em Roma. Participaram 45 delegadas de 9 nacionalidades, representantes dos nove territórios, da Direção Geral e das suas delegações, e duas representantes das consagradas com votos temporais.

Um dos fins dessa Assembléia era a eleição do novo Governo Geral. No dia 11 de fevereiro, no qual celebramos a festividade de Nossa Senhora de Lourdes, realizamos a eleição. Nancy Nohrden foi eleita a diretora geral e Elena Bartolomé como primeira conselheira e vigária geral. Além disso, foram eleitas outras quatro conselheiras gerais, Eugenia Álvarez, África Pemán, Viviana Limón e Jacinta Curram.

Como Assembleia, queremos expressar nossa profunda gratidão, em primeiro lugar ao Santa Padre por cuidar do Regnum Christi e, concretamente, pela mensagem que nos dirigiu à Assembleia das Consagradas e Leigos Consagrados e ao Capítulo da Legião. É uma mensagem de grande riqueza na qual o papa nos oferece sua leitura dos passos realizados até o momento em nosso caminho de renovação, assim como luzes e pautas para os seguintes passos, pois o caminho continua. Agradecemos também ao Pe. Giafranco Ghirlanda, s.j., que, por designação do Papa, nos acompanhou de forma comprometida e muito valiosa durante esse período.

Agradecemos de maneira especial à Gloria Rodríguez, que, junto com suas conselheiras, a ecônoma geral e demais membros da equipe, tão sabiamente nos dirigiram durante o sexênio que acaba de terminar. Do mesmo modo, queremos agradecer a Jorge López e ao Padre Eduardo Robles Gil, LC, e seus conselheiros, que também terminaram seu período de serviço e dedicação no governo dos seus respectivos ramos (instituições federadas).

Uma característica especial que marcou a vivência dos trabalhos da Assembleia foi a atitude de discernimento. Isso nos permitiu escutar e nos expressar com liberdade, em um clima de confiança, compromisso e maturidade. Deste modo, abordamos os assuntos previstos para essa Assembleia: revisar e aprovar as modificações das Constituições e do Regulamento de vida; aprofundar na missão das consagradas e nos diversos temas que derivam dela; discernir e definir a projeção da Sociedade; aprovar a proposta sobre o patrimônio e a governabilidade das obras com relação às outras instituições federadas; discutir e propor um caminho para a sustentabilidade do ramo; definir os próximos passos para continuar o discernimento sobre a vivência do voto de pobreza; dar um horizonte e princípios de discernimento sobre a relação com nossas famílias, principalmente sobre o modo de cuidar dos nossos pais anciãos e enfermos.

Desde o início da Assembleia, nos ressoou com muita força, o desejo de compreender, viver e desenvolver nossa missão segundo a lógica do Reino. Ratificamos que a missão das consagradas, como a do Regnum Christi, é fazer presente o mistério de Cristo, que sai ao encontro das pessoas nas realidades concretas da sua vida, revela o amor do seu Coração, as reúne, forma como apóstolos, líderes cristãos; as envia e acompanha para que colaborem na Evangelização dos homens e da sociedade. Queremos nos comprometer ativamente no serviço da missão evangelizadora do Rengum Christi, junto com todas as vocações que o compõem como família espiritual e corpo apostólico. De modo especial, nos sentimos chamadas a renovar nosso compromisso com os leigos: queremos caminhar e aprofundar junto com vocês a riqueza da vocação laical.

Houve uma grande consonância ao reconhecer que nossa identidade é íntegra de modo indivisível à consagração, ao estado laical e ao carisma do Regnum Christi. Esses elementos imprimem um estilo de vida, um modo de estar presentes e nos relacionar com o mundo. Ressoa em nós a carta com a qual a Glória nos convocou para a Assembleia, que foi concluída com as palavras da homília de Mons. Rodriguez Carvallo, na Missa de ereção canônica de nossa Sociedade, em dezembro de 2018: “Nos pedem abertura ao mundo. Não somos consagrados para nós mesmos, somos consagrados para construir o Reino de Deus aqui e agora, para que todos tenham vida e vida em abundância. E tudo isso com grande sentido de pertença”. 

A formação, nas suas diversas dimensões e etapas, é um tema transversal ao que devemos dar importância nos próximos anos, para continuar avançando na expansão e desenvolvimento da nossa vocação e missão segundo o carisma. Achamos importante contar com uma sólida base filosófica e antropológica que nos permita ter uma cosmovisão renovada desde a qual projetar nossa missão evangelizadora. Ao mesmo tempo, vemos necessário aprofundar em áreas como a eclesiologia de comunhão, teologia do batismo e a especificidade da vocação laical na Igreja.

Durante a Assembleia, vimos que era necessário abordar alguns temas adicionais aos previstos e para isso, se constituíram algumas comissões: abusos sexuais; exercício da autoridade na sociedade; um pronunciamento institucional sobre o fundador; a cultura institucional; e a possibilidade de reabrir o discernimento das consagradas com inquietudes de vida contemplativa. Formaram-se também comissões para a sustentabilidade e para a reconciliação com as pessoas que deixaram a vida consagrada no Regnum Christi.

A Assembleia teve lugar em um contexto eclesial e institucional no qual o tema dos abusos de poder, de consciência e sexuais nos acerca, sacode e interpela. Ao abordar esta realidade, nos é pedido um caminho de profunda conversão e de tomada de ações corajosas para prevenir, denunciar, curar e reparar o mal causado. Reiteramos nosso desejo e petição de abordar, unidos, como família carismática, nossa história e nosso presente, revisando nossa cultura institucional; com a esperança diante da preciosa missão que o Senhor nos encarrega.

Nesses últimos tempos, compreendemos a natureza e o alcance da nossa identidade como Sociedade de Vida Apostólica que se traduz em uma autonomia de vida, de governo e econômica. Essa última parte implica, dentre outros aspectos, traçar um plano de sustentabilidade que permita nosso crescimento e permanência no tempo, partindo de um conhecimento da situação global da Sociedade. Vemos com otimismo a implementação da Federação e os passos que os colégios diretivos têm que dar nos próximos anos. Identificamos também nosso papel no governo, direção e gestão das obras de apostolado do Regnum Christi.

Em continuidade com a frase da Escritura “Infundirei em vós o meu espírito e vivereis” (Eze 37,14), que nos acompanhou ao longo do nosso jubileu, ressoou fortemente em nós o chamado de ser consagradas vivas que dão vida, em comunidades vivas e em um Regnum Christi vivo que dá vida “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10). Sentimos-nos chamadas a viver com crescente maturidade e liberdade interior para servir ao Senhor e aos nossos irmãos; a renovar nosso compromisso com o desenvolvimento da missão do Regnum Christi, colocando ao seu serviço os dons e talentos de cada uma. Queremos ser mulheres atentas aos sinais dos tempos com um espírito de discernimento. Queremos nos encontrar com o homem de hoje e responder às suas necessidades, tocando a realidade das suas vidas, oferecendo uma contribuição evangelizadora desde o Regnum Christi, buscando a comunhão entre todas as vocações e nos comprometendo com a missão comum.

Queremos responder a essa experiência como Maria e renovar o nosso “Fiat”: “Faça-se em mim segundo a tua Palavra!” E proclamar a uma só voz, “Cristo Rei Nosso, Venha a nós o Vosso Reino!”

Em nome das delegadas da Assembleia geral ordinária.

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