É descrito abaixo as dores de Jesus, segundo um grande estudioso francês, o médico Dr. Barbet, que a redigiu fazendo referencias aos Evangelhos; e o Sudário dá a possibilidade de entender, realmente, as dores de Jesus durante a sua paixão;

“Eu sou sobretudo um cirurgião: ensinei por muito tempo. Por anos vivi em companhia de cadáveres; na minha carreira estudei a fundo a anatomia. Posso então escrever sem presunção.

Jesus, entrando no Getsêmani – escreve o evangelista Lucas – rezava mais intensamente. E aconteceu que descia um suor ‘como gotas de sangue’ que caíam até o chão. O único evangelista que se refere ao fato é um médico, Lucas, e o faz com precisão de um clínico. O suar sangue, ou hematidrose, é um fenômeno raríssimo. Produz-se em condições excepcionais e para provocá-lo é preciso uma prostração física, acompanhada por um choque moral violento, causado por emoção profunda ou por grande medo. O pavor, o susto, a angústia terrível por sentir-se carregado de todos os pecados dos homens, devem ter esmagado Jesus.

Tal tensão extrema produz a ruptura das veias capilares que estão abaixo das glândulas sudoríparas, o sangue se mistura ao suor e se recolhe sobre a pele, depois escorre pelo corpo todo até o chão.

Conhecemos a farsa do processo montado pelo sinédrio hebreu, o envio de Jesus a Pilatos e o desempate entre o procurador romano e Herodes. Pilatos cede e ordena a flagelação de Jesus. Os soldados despojam Jesus e o amarram pelos pulsos a uma coluna do átrio. A flagelação efetua-se com fitas de couro múltiplas sobre os quais são fixadas duas bolinhas de chumbo e de ossinhos. Os sinais do sudário de Turim são inúmeros; a maior parte das chicotadas é nos ombros, na coluna, na região lombar e também no peito.

Os carrascos devem ter sido dois, um para cada lado, de igual envergadura. Golpearam e açoitaram a pele já alterada por milhões de microscópicas hemorragias do suor de sangue. A pele dilacera-se e racha-se; o sangue esguicha. Em cada golpe Jesus pula em um sobressalto de dor. As forças diminuem, um suor frio banha-lhe a fronte,a cabeça roda em vertigem de náusea, arrepios lhe correm na coluna; se não estivesse amarrado pelos pulsos a uma grande altura, acabaria em uma poça de sangue. Depois a zombaria da coroação. Com espinhos compridos, mais duros do que os de acácia, os carrascos teceram uma espécie de capacete e o colocaram em sua cabeça. Os espinhos penetram no couro cabeludo e o fazem sangrar (os cirurgiões sabem quanto sangra o couro cabeludo). Pelo sudário revela-se que um forte golpe de pau, dado obliquamente, deixou na face direita de Jesus uma chaga horrível; o nariz está deformado por uma fratura na parte cartilaginosa.

Pilatos, depois de ter mostrado aquele homem despedaçado à multidão enfurecida, o entrega para a crucifixão. Carregam sobre os ombros de Jesus o grande braço horizontal da cruz, que pesa uns cinquenta quilos. O pau vertical já está plantado no Calvário. Jesus caminha a pés descalços, em uma estrada cheia de pedras. Os soldados o açoitam com cordas. O percurso, por sorte, não é muito comprido, cerca de 600 metros. Jesus, com dificuldade, arrasta um pé após o outro; muitas vezes cai sobre os joelhos. E o ombro de Jesus está coberto de chagas. Quando Ele cai no chão, a trave foge-lhe e esfola-lhe o dorso.

No Calvário começa a crucifixão. Os carrascos despojam o condenado mas a sua túnica está colada às feridas e tirá-la é atroz. Vocês nunca tiraram a gaze do curativo de uma grande ferida contusa ? Vocês mesmos não sofreram esta prova que pede às vezes anestesia ? Podem então ter consciência do que se trata.

Cada linho do tecido adere à carne viva; ao tirar a túnica, as terminações nervosas descobertas pelas chagas laceram-se. Os carrascos tiram a túnica com força violenta. Como é que aquela dor atroz não provoca uma síncope ?

O sangue recomeça a escorrer, Jesus é estendido de costas. As suas chagas encrostam-se de pó e de brita. Estendem-no sobre o braço horizontal da cruz. Os carrascos tomam as medidas. Um pouco de goma na madeira para facilitar a penetração dos pregos: horrível suplício.

O carrasco pega um prego comprido, pontudo e quadrado, o apoia no pulso de Jesus, com um golpe firme de martelo o crava e o bate firmemente na madeira. Jesus deve ter contraído o rosto espantosamente. No mesmo instante o seu polegar, com um violento movimento, põe-se em oposição; na palma da mão o nervo mediano é puxado. Pode-se imaginar o que Jesus deve ter experimentado: uma dor terrível, agudíssima, que difundiu-se nos dedos, repuxou, como língua de fogo no ombro, fulgurou-lhe o cérebro. É a dor mais insuportável que um homem possa experimentar, aquela dada pela ferida de grandes centros nervosos. Normalmente provoca uma síncope e faz perder a consciência. Em Jesus, não. Se ao menos o nervo tivesse sido cortado completamente! Ao invés (se constata muitas vezes experimentalmente) o nervo foi destruído só em parte; a lesão do centro nervoso fica em contato com o prego; quando o corpo estiver suspenso na cruz, o nervo se estenderá fortemente, como uma corda de violino tensa. A cada sacudida, a cada movimento, vibrará, despertando dores dilacerantes. Um suplício que durará três horas. O carrasco e seu ajudante seguram as extremidades da trave; levantam Jesus colocando-o primeiramente sentado e depois de pé, depois fazendo-o caminhar para trás. Põem em cima do pau vertical. Depois rapidamente encaixam o braço horizontal da cruz em cima do pau vertical. Os ombros da vítima se entregam dolorosamente, sobre a madeira áspera. As pontas da grande coroa de espinhos dilaceram o crânio. A pobre cabeça de Jesus está inclinada para frente, pois a espessura do capacete de espinhos lhe impede de encostar-se à madeira. Cada vez que o mártir levanta a cabeça, recomeçam as fincadas agudíssimas.

Pregam-lhe os pés.

É meio-dia; Jesus tem sede. Não bebeu nada desde a tarde precedente. A sua feição é tensa, o rosto é uma máscara de sangue. A boca está semi-aberta e o lábio inferior começa a pender. A garganta, seca, lhe arde em sede, mas Ele não pode degludir. Tem sede. Um soldado lhe estende, sobre a ponta da lança, uma esponja de uma bebida ácida, usada entre os militares. Tudo isso é uma tortura atroz.

Um estranho fenômeno se produz no corpo de Jesus. Os músculos dos braços se enrijecem em uma contração que vai acentuando-se: os deltóides e os bíceps estão tensos e levantados, os dedos encurvam-se. Dir-se-ia um ferido atingido pelo tétano. É o que os médicos chamam de tetania, quando as câimbras se generaliza: os músculos do abdômen se enrijecem em ondas imóveis; depois os interdorsais, os do pescoço e os respiratórios. A respiração fica, pouco a pouco, mais curta. O ar entra, mas não consegue sair, Jesus respira com o ápice dos pulmões. Tem sede de ar: como um asmático em plena crise, o seu rosto pálido, pouco a pouco, se torna vermelho, depois empalidece em violeta purpurino e enfim em cianótico.

Jesus, atacado por asfixia, sufoca. Os pulmões inchados de ar não podem mais esvaziar-se. A fronte está impregnada de suor, os olhos saem fora das órbitas. Que dores atrozes devem ter martelado seu crânio!

Mas o que acontece ? Devagar, com um esforço sobre-humano, Jesus achou um ponto de apoio sobre o prego dos pés. Fazendo força, com pequenos golpes, levanta-se aliviando a tensão dos braços. Os músculos do tórax distendem-se. A respiração se torna mais ampla e profunda, os pulmões se esvaziam e o rosto retoma a palidez primitiva. Por quê este esforço ? Porque Jesus quer falar: “Pai perdoa-lhes: eles não sabem o que fazem”. Depois de um instante o corpo recomeça a se afrouxar e recomeça a asfixia. Foram transmitidas sete frases pronunciadas por Ele na Cruz: a cada vez que quer falar, deve levantar-se segurando-se em pé por um dos preos; inimaginável.

Daí a pouco serão 3 da tarde. Jesus está sempre lutando; de vez em quando se levanta para respirar. É a asfixia periódica que o está estrangulando. Uma ruptura que dura 3 horas.

Todas as suas dores: a sede, as câimbras, a asfixia, as vibrações dos nervos medianos, lhe arrancam um lamento: “Meu Deus, meu Deus: por quê me abandonaste:”

A Mãe de Jesus estava aos pés da cruz. Podem imaginar o sofrimento daquela mulher ?

Jesus grita: “Tudo está consumado”. Depois, em alta voz: ‘Pai, em Tuas mãos entrego o meu espírito’.

E morre.”

 

FONTE: Portal da Teologia Cristã

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