Uma vocação é alimentada pela intimidade com o Senhor, aprofundamento do chamado e pelo testemunho dos irmãos que já vivem a fidelidade ao chamado de Cristo. O goiano, irmão Thiago Ricon Ribeiro, noviço Legionário de Cristo, tem 27 anos, passou um ano como colaborador no Regnum Christi e está há 2 anos e meio na Legião de Cristo. Decidiu-se por seguir o Mestre, deixando para trás uma vida profissional promissora e o seio de sua família.
O que o levou a uma decisão tão radical? Quais os desafios que ele enfrenta nessa jornada? Entrevistamos o irmão Thiago, a fim de apresentar sua experiência, capaz de motivar o coração de tantos jovens – inquietados por Deus a viver uma vocação – a dizer seu “sim”.
Como foi a experiência espiritual do seu chamado vocacional?
Desde a infância eu pensava: “se nada der certo, eu viro padre”. Para mim, tratava-se mais de uma utopia, do que de uma possibilidade real. Depois de terminar a faculdade, eu trabalhava na minha área de formação, mas sentia que faltava algo. Nessa época, fazia alguns trabalhos voluntários e sentia o desejo de entregar-me no serviço aos outros, mas não sabia onde e nem como fazer isso. Então, fui participar de um retiro de silêncio no seminário, e foi quando tudo mudou. Não aconteceu nada de extraordinário: nenhuma fumaça saiu do sacrário e Nossa Senhora não apareceu para mim, mas no final do encontro eu me sentia profundamente amado por Cristo. Tive uma pequena experiência do quanto Ele me ama e soube que Ele está sempre ao meu lado, querendo o melhor para mim. Minha vida tomou um outro sentido e surgiu o desejo de corresponder a esse amor levando-O aos demais.
O que mais lhe chamou atenção no Regnum Christi?
A espiritualidade centrada em Cristo e a caridade como virtude rainha. Sempre fui um pouco cético com formas de piedade mais rituais, que não levassem realmente a um encontro pessoal com Cristo. Quando vi que os legionários de Cristo tinham a Jesus como melhor amigo, isso me impressionou muito e desejei também ter essa relação com Ele. Além disso, percebi um grande esforço na Instituição para viver o mandato de Cristo: “amai-vos uns aos outros como Eu vos amei”. A caridade é considerada um aspecto essencial da vida cristã e um sinal do verdadeiro encontro com Jesus. Eu mesmo já tinha me questionado algumas vezes: “por que ser católico se isso não muda nada no comportamento das pessoas?”. Enfim, eu me identifiquei com o real esforço que devemos ter para que a vivência cristã transforme a própria vida e nos leve a ajudar os outros, tanto os mais próximos quanto os mais distantes.
“Em certo momento da vida, após algumas experiências de trabalho voluntário, eu imaginava que a minha ‘missão no mundo’ era entregar-me para ajudar as pessoas”.
Como a vida apostólica e missionária realiza seu coração?
Antes de seguir essa vocação, eu já havia experimentado satisfação pessoal no serviço aos demais. Parecia-me que os atos bons – feitos para os outros – deixavam uma alegria mais prolongada, do que aquilo que eu fazia para mim mesmo. Em certo momento da vida, após algumas experiências de trabalho voluntário, eu imaginava que a minha “missão no mundo” era entregar-me para ajudar as pessoas. Mas, sempre me perguntava como seria a melhor forma de ajudar, pois os atos de caridade material somente aliviam temporariamente os seus problemas. Depois de um encontro com Cristo, percebi que apenas Ele pode ajudar verdadeiramente as pessoas. Por isso, o melhor que eu posso fazer é ser canal do seu amor de forma que possam conhecê-Lo e saber que Cristo está ao seu lado, que os ama e que quer o melhor para suas vidas. Em geral, não presencio os frutos da missão, acredito neles pela fé e confiança em Deus, mas de vez em quando Ele me concede a graça de ver um fruto para me animar e me ajudar a perseverar na vocação.
O que mais foi difícil deixar para trás para seguir o Evangelho?
O que foi mais difícil de deixar para trás (e penso que sempre será o mais difícil) é deixar-se a si mesmo, ou seja, os próprios gostos, planos, sonhos, desejos, etc. O religioso, ao se consagrar a Deus, procura obedecê-Lo através dos seus superiores e viver em comunidade, o que implica constantemente em sair de si mesmo e muitas vezes fazer o que não gostaria de fazer. O sacerdócio é um ministério de serviço – para já não buscar os próprios interesses, mas servir aos irmãos. Portanto, o desprendimento de si mesmo é um aspecto essencial para viver plenamente essa vocação e isso tem sido para mim o mais difícil. Apesar disso, acredito que esse desapego é o que dá maior liberdade, pois a cada dia me torno mais pleno para viver o que sou chamado a ser.
“(…) eu acredito sinceramente que o Senhor me chamou a esse caminho e quero estar aqui enquanto for da Sua vontade”
Quais os principais desafios na hora de decidir por uma vocação? Como você soube lidar com isso?
Para mim, os principais desafios estão relacionados à dúvida do chamado. Dificilmente uma pessoa terá a total certeza da vocação. A percepção do chamado é baseada na fé e Deus nos deixa um espaço de liberdade, pois se não fosse assim estaria praticamente nos forçando a seguir por um caminho. Então os desafios nascem dessa incerteza: “E se essa não for a minha vocação? Vou ter que dizer para todos depois que eu desisti? Será que eu serei feliz seguindo esse caminho? Se eu desistir, conseguirei voltar à “vida normal” de trabalho, estudo, etc.? Será que não estou perdendo tempo? Será que isso não é uma ilusão, algo da minha cabeça?” Enfim, são muitas as perguntas que experimentei e experimento seguindo esse caminho. O que me ajuda a superar os desafios é a confiança em Deus. Não ignoro essas dúvidas, mas levo elas para a oração e digo para Deus: “eu acredito sinceramente que o Senhor me chamou para esse caminho e quero estar aqui enquanto for da Sua vontade”. Lembrar-me do imenso amor de Deus por mim, de que Ele irá cuidar de tudo e da minha busca sincera em fazer Sua Vontade é o que sempre me consola para lidar com esses desafios.
No hoje da sua vocação, qual seu maior sonho?
Crescer cada vez mais na amizade com Cristo e poder ser o melhor canal possível do Seu amor para as pessoas. Esse é o ideal que me move. Eu sei que somente Ele pode preencher o meu coração e, por isso, quero estar cada vez mais perto d’Ele. Também desejo ajudar verdadeiramente os outros, principalmente aqueles que mais sofrem, e sei que o que as pessoas mais precisam não vem de mim, mas de Cristo. Às vezes fico pensando em como poderei ajudar – se muitas vezes não sei o que fazer ou quem irei ajudar – pois são tantas as pessoas e as suas necessidades. Mas, coloco minha missão nas mãos de Deus para que Ele me guie no que devo fazer, falar e a quem ajudar.
Qual mensagem você deixa para um jovem que tem buscado realizar sua vida vocacional?
A descoberta da vocação não é um caminho fácil, mas que vale a pena. A verdade, é que as melhores coisas da vida não são fáceis de conseguir. Uma vez me disseram que a vocação é uma aventura de amor e cada vez mais tenho concordado com isso. Não sabemos por onde Deus irá nos conduzir, mas podemos nos colocar a caminho e ter a certeza de sempre ter o Seu amor e a Sua companhia ao nosso lado. Ele tem um sonho para cada um de nós; um plano maravilhoso que nos leva à plenitude de vida. Vale a pena buscar e acreditar nesse sonho!
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