Por: Ir. Lucas de Brito, L.C.

O Sudário é sem dúvida um dos objetos arqueológicos mais estudados da história.
É também um daqueles que mais suscita curiosidade e mistério. São muito comuns
as perguntas: Quem é o homem que está gravado no Sudário? Como se gravou essa
imagem? O sudário é realmente autêntico? Não seria uma fraude medieval da
Igreja Católica? Estas perguntas são causa do avance dos estudos sobre esta
misteriosa imagem, desde a Antiguidade e Idade Média, com simples descrições de
observações feitas a olho nu, até os dias atuais, com o emprego da mais alta
tecnologia.

A convicção de que esta imagem tão especial deve ser conhecida, especialmente
pelos católicos, é o que me move a publicar esta série de artigos entitulada “Quem
é o homem do Sudário?”, que será realizada durante todos os Domingos desta
Quaresma, finalizando com o Domingo da Ressurreição. O objetivo é muito simples:
que todos nos aproximemos do mistério da Paixão de Cristo durante este período
de conversão. Como disse o Papa São João Paulo II em seu discurso na ocasião da
ostensão da imagem de Cristo em maio de 1998: “O Sudário é espelho do
Evangelho[…]

Para cada pessoa atenta ele é motivo de reflexões profundas, que
podem chegar a envolver a vida. ”[1] O primeiro tema que abordo nesta série não é dos mais pacíficos entre os cientistas estudiosos do Sudário (Sindonólogos) – Mas confesso que para mim é um dos temas mais apaixonantes -. Precisamente porque no ano de 1988 foram enviadas três pequenas mostras do Santo Sudário para a realização do teste de Carbono- 14(14C), que busca fornecer a datação aproximada de um objeto arqueológico com base nos níveis da molécula 14C presentes no mesmo. O resultado? …impactante!
Segundo este método, o tecido do Santo Sudário data entre 1260 e 1390. Seria
então o Santo Sudário uma fraude medieval? A Igreja e o Santo Sudário sofreram
duras críticas e inclusive ridiculizações durante este período. Se perdeu muito o
crédito em ambos.

Mas o que parecia que terminaria com a investigação sobre o Sudário, motivou-a
ainda mais. Surgiram novas perguntas: como explicar as várias representações da
mesma peça datadas desde o ano 1095 d.C.? Como seria feita essa imagem na
Idade Média de maneira que nem mesmo com a tecnologia mais atual sabemos
como foi produzida? O método do 14C foi e segue sendo objetado por muitos
cientistas.

Se observou que o tecido da região de onde foi retirada a mostra era anormal ao
resto do Santo Sudário. Sendo mais escuro, é provavelmente uma parte
contaminada pela água utilizada para apagar o incêndio que sofreu o Sudário em
Chambéry, no ano de 1532, causa dos buracos triangulares em sua superfície. Com certeza o tecido absorveu também uma grande quantidade de carbono durante o
incêndio, “rejuvenescendo-o”. Isso sem contar as numerosas vezes em que o
Sudário foi alvo de manuseios por parte dos fiéis e quando foi deixado ao ar livre,
exposto a contaminações. Resulta então que o 14C não funciona com objetos como o Santo Sudário. O mesmo inventor do teste, Dr. Willard Frank Libby, que recebeu o prêmio Nobel de Física pela descoberta, fez essa afirmação dizendo: «Existem fontes radioativas que
recargaram o Carbono-14 do Santo Sudário»[2].

Não é a única vez que errou o método. Com vários objetos chegou a datá-los com discrepâncias de até 1000 anos da datação original. Simplesmente, quando uma prova de 14C não coincide com as demais pesquisas arqueológicas, deve ser desconsiderada.[3] Este procedimento não deveria jamais ter sido realizado com o Santo Sudário, pois acabou sendo motivo de confusão entre os fiéis. Pessoalmente, desde o ponto de vista da fé e da razão, “como as duas asas com as quais o espírito humano se eleva à contemplação da verdade”[4], considero o Santo Sudário como autêntico, por suas várias provas científicas e inúmeras “coincidências” com o Evangelho, como veremos durante esta Quaresma.

Recordemos finalmente que não fazemos esta reflexão pela importância do Santo
Sudário em si, mas pelo sacrifício infinito de amor que ele nos reporta. Sacrifício
oferecido pela redenção de nossos pecados e que cada dia segue sendo atualizado
no altar da Santa Missa.
Senhor, ajuda-me a contemplar a Tua imagem impressa neste lençol e a sentir-me muito amado por Ti. Que pela imagem do teu grande Sacrifício, eu possa motivar-
me a realizar os meus tão pequenos sacrifícios durante esta Quaresma, em união contigo. E ao final, que a minha contemplação seja feita vida ressuscitada, como tu
fizeste da Tua morte ressurreição.

 

Referências:

[1] Discurso do Santo Padre São João Paulo II em ocasião da Mostra do Santo

Sudário em Turim, 28 de maio de 1998. https://w2.vatican.va/content/john-paul-
ii/pt/speeches/1998/may/documents/hf_jp-ii_spe_19980524_sudario.html. 14 fevereiro 2018 10:11:22 GMT

[2] Pe. Loring, Jorge, La Sábana Santa, dos mil años después. Planeta Testimonio
2000, 156 (Tradução minha)

[3] José de Palacios Carvajal, La Sábana Santa, estudio de um cirujano. Estudio de
Tinta, 230. (Tradução minha)

[4] João Paulo II PP., Fides et Ratio. http://w2.vatican.va/content/john-paul-
ii/pt/encyclicals/documents/hf_jp-ii_enc_14091998_fides-et-ratio.html. 14 fevereiro 2018 10:11:22 GMT

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